Nesta terça-feira (4 de junho), às 15h, o Palacete das Artes recebe a exposição “Coleção Inglesa doada por Assis Chateaubriand, em 1967”. A mostra é composta por 30 telas, que pertencem ao acervo do Museu Regional de Arte, do Centro Universitário de Cultura e Arte da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

O coordenador do Museu Regional, Cristiano Silva Cardoso, explica que a coleção foi doada por Chateaubriand em 1967, época em que o empresário esteve engajado na Campanha Nacional de Interiorização das Artes, com a proposta de dinamizar a vida cultural de Feira de Santana. “Dentre as obras que compõem este acervo, a coleção inglesa marca a liberdade de composição, característica da Escola de Londres nas décadas de 1950 e 1960. As obras permitem, além do estudo e deleite sobre a evolução da pintura inglesa modernista, uma fonte de pesquisa única na América Latina, promovendo o atravessamento de lógicas sobre tessituras territoriais, estéticas, de memórias e criatividade, em pleno solo sertanejo”.

A única coleção de artistas modernos ingleses em um museu brasileiro, apresenta obras em óleo sobre tela, óleo sobre eucatex, esmalte sobre metal, técnica mista sobre eucatex e técnica mista sobre papel.Destacam-se artistas como: Frank Auerbach, Antony Donaldson, Alan Davie, Bary Burman, Brett Whiteley, Bryan Organ, David Oxtoby, Derek Hirst, Derek Snow, Howard Hodgkin, Graham Sutherland, John Piper, John Kiki, Joe Tilson, Paul Wilks e Pauline Vincent.

A obra intitulada “Três Torres de Suffalk”, de John Piper, já pertenceu ao acervo da destacada Tate Gallery. A tela “Muggeridge em Azul”, de Bryan Organ, merece destaque pelo fato do seu autor ter se tornado famoso, em todo o mundo, por ter pintado o retrato de Lady Di, exposto na galeria dos retratos da família real, no Buckingham Palace. O trabalho de Brett Whiteley, um tríptico de beleza extraordinária; e ainda a pintura em óleo sobre tela, de dupla face, denominada “Jane Avril”, de autoria de John Kiki. Howard Hodgkin, que tem no museu a obra “Mr. Mrs. Roger Coleman”, tornou-se notável pelo longo tempo utilizado na preparação de trabalhos. E este, especificamente, foi realizado durante dez anos; vale ainda referência ao trabalho de Pauline Vicent, intitulado “Seated figure” que se destaca pela técnica e natureza dos materiais, esmalte sobre metal.

Murilo Ribeiro, diretor do Palacete das Artes, lamenta que, diante da grandiosidade do acervo, e a poucos quilômetros de Salvador, as obras ainda são pouco conhecidas do público. “O desconhecimento é, inclusive, do significado do mecenato (prática de estímulo à produção cultural e artística). É sintoma de uma sociedade civilizada, mas, infelizmente, pouco praticada no Brasil. É por isso que não podemos deixar de ressaltar a importância da formação humanística de Assis Chateaubriand, quando providenciou a curadoria da compra desta Coleção. Considero-a uma verdadeira aula de pintura e da história da arte daquele período”, ressalta Ribeiro.

O antigo Museu Regional de Feira de Santana, incorporado à Universidade Estadual de Feira de Santana e rebatizado como Museu Regional de Arte (MRA) em 1985, é hoje parte do complexo do Centro Universitário de Cultura e Arte. Seu acervo naturalmente foi ampliado desde sua inauguração, mas ainda guarda uma identidade predominantemente associada ao estilo modernista que sempre o marcou. “A Coleção Inglesa, por sua vez, ainda é uma das mais expostas e visitadas, porém não mais como um exemplo de uma arte de ‘elite’ capaz de educar um povo ‘rude’, e sim como a expressão de um diálogo possível em uma aldeia global cada vez mais interconectada e multirreferencializada, o que a torna ainda mais surpreendente e significativa que há cinquenta e dois anos atrás”, complementa Aldo Morais, diretor do Cuca (Uefs).

Além da coleção moderna inglesa, que já foi apresentada no Museu de Arte Moderna da Bahia e no Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília, o MRE reúne importantes exemplares dos movimentos culturais brasileiros, datados de 1922 até 2010, com destaque para as obras modernistas brasileiras, arte nipo-brasileira, arte naif, e artistas contemporâneos, totalizando um acervo com trezentas peças.

A exposição ficará à disposição do público até 28 de julho.  O Palacete das Artes é um equipamento vinculado ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC)/Secretaria de Cultura/Estado da Bahia. Funciona de terça a sexta, das 13h às 19h, e sábados, domingos e feriados, das 14h às 18h. Mais informações no tel. 71 3117 6987.

SERVIÇO

Coleção Inglesa doada por Assis Chateaubriand, em 1967
Abertura:  4 de junho, às 15h / Permanência: até 28 de julho (terça a sexta das 13h às 19h; sábados, domingos e feriados das 14h às 18h)
Sala Contemporânea do Palacete das Artes
Rua da Graça, 284

Fonte: Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA)

O acervo do Museu Regional de Arte do Cuca pode ser visualizado no Museu Virtual do Jornal Feira Hoje:
http://feirahoje.com.br/museuvirtual/museuvirtual_principal.htm